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Sêneca e o Jiu-Jitsu: O lutador que domina a si mesmo

Sêneca e o Jiu-Jitsu: O lutador que domina a si mesmo

Sêneca, filósofo romano do estoicismo e conselheiro do imperador Nero, dedicou boa parte de sua vida a ensinar que a verdadeira força está no domínio de si. Em suas cartas e tratados, ele nos alerta sobre os perigos da ira e nos oferece um caminho em direção à tranquilidade interior.

No Jiu-Jitsu, essa lição é clara desde o início: quem perde o controle, perde a luta.

No livro Sobre a Ira, Sêneca descreve a fúria como uma doença da alma. A pessoa tomada pela raiva é dominada por forças que não compreende e, por isso, age de forma cega. No tatame, isso é literal: o lutador que reage com fúria quase sempre se expõe, perde energia e é facilmente vencido. O que era força vira fraqueza. A emoção desenfreada vira armadilha.

Sêneca propõe o raciocínio antes da reação — e o Jiu-Jitsu ensina isso com cada rola. Ao treinar com regularidade, o praticante começa a perceber que o impulso não é um bom guia. Ele aprende a esperar, observar, conectar causa e efeito. Cada ação tem uma consequência, e manter-se calmo em meio ao caos é uma técnica tão importante ou mais que qualquer chave de braço.

Essa mesma lógica aparece no pensamento de Aristóteles, quando ele descreve a coragem como o meio-termo entre o impulso cego e a covardia paralisante. É o raciocínio, e não o instinto, que transforma a ação bruta em virtude. No Jiu-Jitsu, isso se traduz no lutador que não se precipita, mas também não foge do confronto — ele age com intenção, mesmo em meio ao caos.

Em A Tranquilidade da Alma, Sêneca define a virtude da temperança. Ele escreve sobre um estado de espírito que não depende da ausência de problemas, mas da clareza com que os enfrentamos. Para ele, a tranquilidade nasce da coerência entre o que pensamos, sentimos e fazemos. E isso, mais uma vez, se encontra no coração do Jiu-Jitsu.

No treino, lidamos com desafios constantes: posições desconfortáveis, adversários melhores, dias em que tudo parece dar errado. A serenidade não é um dom — é uma conquista diária, construída ao aprender a respirar sob pressão, e até sorrir depois de ser finalizado, e sempre se levantar e tentar de novo.

Assim como Sêneca, o Jiu-Jitsu nos ensina que o verdadeiro forte não é o que nunca se abala, mas o que sabe se recompor.
Não é o que esperneia, mas o que respira.
Não é o que domina o outro, mas o que domina a si mesmo.

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